sábado, 22 de setembro de 2007

Sensacionalismo

Por Lauane F. de Melo


1- Sensacionalismo é uma forma de jornalismo que se divide em dois pontos: o positivo, que é o cunho investigativo, não segue a padronização, busca pelo novo;
o negativo, que trabalha usando o exagero emocional, singularização extrema, superdimensões dos fatos e apelos publicitários.
O segundo ponto dá ênfase a valores que se referem à violência, à morte, à desigualdade, ao esporte e ao sexo.
È uma forma de imprensa popular que visa sempre em exagerar os fatos para estimular, ou seja, fazer com que as pessoas reajam aos acontecimentos, podendo ser esta reação visual, semântica ou
ideológica.

2- Na verdade, todos os jornais são sensacionalistas, apenas uns são mais que outros.
Segundo Ciro Marcondes Filho, o jornal sensacionalista, transforma um fato em notícia (faz repercutir a notícia), sendo esta a função do jornalista.
Alberto Dines afirma que o jornal sensacionalista consegue obter o contato com a massa, por trazer a realidade a eles (as pessoas se identificam com a linguagem utilizada, pelo jeito que as informações são escritas e etc.), conseguindo o receptor aceitar, rejeitar, absorver, resistir ou responder a mensagem, ou seja, o receptor consegue decodificar a mensagem, tendo o feed back, sendo ele positivo ou negativo.
Por isso o sensacionalismo é importante, ele consegue chegar até o seu público-alvo.

3- É a realidade versus a ficção, pois são pessoas comuns que querem ser como os outros são, seja aderindo o estilo, a linguagem, etc. O maior exemplo que temos de fait divers são os mitos, ídolos e novelas. As pessoas comuns (não-famosas), fazem de tudo para serem iguais aos seus ídolos, misturam o mundo real com o imaginário (com a ajuda da Indústria Cultural).
Representa as aspirações comuns, conteúdo que homogeniza sonho e realidade.

4- O jornal sensacionalista popularesco traduz o cotidiano das grandes metrópoles, funciona como um “porta-voz” do povo. Um exemplo é o programa local Naipi Aqui Agora, muitas das reclamações, desabafos, apelos do apresentador, é o que a pessoa que está em casa assistindo gostaria de dizer naquele momento. O apresentador fala por elas, torna-se um “herói”, defende os mais fracos da sociedade. As mensagens que ele e muitos outros propagam sejam na TV, rádio ou jornal, são os desejos e instintos reprimidos da população carente que não tem vez nos meios de comunicação, assim o jornalista “fala pela população”.

5- Este tipo de discurso apresenta-se como adequado às condições culturais e econômicas das classes pupulares. A adequação refere-se à repetição da temática da violência. A violência vista como um conteúdo do cotidiano das classes de baixa renda familiar e baixo nível cultural.
Veiculam notícias reconhecidas como desacreditadas e sensacionalistas.
O caráter sensacional da linguagem jornalística revela um veículo instável de comunicação entre jornal e leitor devido às carências culturais e econômicas das classes populares.
É uma forma de comunicação enfática e apelativa com o povo. É uma forma mitificada de tratamento do povo.
O discurso é elaborado a partir da informação total, excepcional, insignificante e sem contexto.
Os sujeitos do discurso são representados por dois termos dominantes, a mulher e o homem, que colocam em circulação outros termos referentes ao corpo biológico e cultural.
O modo de produção do discurso informativo reconhecido como sensacionalista resume-se nos seguintes pressupostos: variedade na apresentação gráfica; exploração de estereótipos sociais; valorização da emoção em detrimento da informação; exploração do caráter extraordinário vulgar dos acontecimentos; adequação ideológica às condições culturais, políticas e econômicas das classes populares; exploração exacerbada do caráter singular dos acontecimentos; destaque do aspecto insignificante e duvidoso dos acontecimentos; omissão de aspectos dos acontecimentos; acréscimo de aspectos dos acontecimentos; discurso repetitivo, motivador, despolitizador e avaliativo; discurso informativo de jornais de consolidação econômica e empresarial; modelo informativo que torna difusos os limites entre o real e o imaginário.
A ambigüidade e a ambivalência dos significados no conjunto dos títulos AT (antitítulo), M (manchete), SB (subtítulo), TM (chamada e título da matéria), produzem efeito reconhecido como erótico pela criação do impacto, da sugestão, da cumplicidade, da desconfiança, da fetichização da violência e do sexo.
A omissão, a oposição e a simetria produzem o efeito de curiosidade sobre o acontecimento.

6- Proximidade com a ficção (efeito de ficcionalização). Consegue trazer o fato para perto das pessoas, produz o efeito de familiaridade ou de reconhecimento do fato criminoso, mórbido, aventureiro, pornográfico, grotesco e insólito como próprio do ambiente das classes populares. Caracteriza as narrativas policiais.
Verón define como “ubigüidade”, como relato que reproduz ao mesmo tempo vários acontecimentos localizados em lugares diferentes e que são interligados na redação do texto.

7- O que diferencia um jornal “normal” de um sensacionalista é somente o grau. O sensacionalista é um grau mais radical de mercantilização da informação.
O jornal popularesco edita o espetáculo da subjetividade. O jornalista aparece no texto como enunciador onipresente.
A prática da rotulação do cotidiano visa ao destaque e à ocultação de significados e elabora um modelo informativo que supervaloriza os conceitos de norma e desvio e estabelece e caracteriza uma forma motivada de comunicação com as classes populares. O real exagerado estimula emoções no leitor através de um texto produzido pelo uso de sinônimos, antônimos, metáforas e metonímias. O real excepcional obscurece o cotidiano da marginalidade e dos contrastes sociais. O tratamento atraente dos fatos explora as interdições sociais com o objetivo de produzir o efeito de curiosidade.

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