O esporte é um elemento essencial para a integração entre os povos e uma poderosa ferramenta de inclusão social. Uma prova disso são os Jogos Parapan-americanos e os Para-olímpicos, realizados sempre de 4 em 4anos. Entre os dias 12 a 19 do último mês, 27 delegações participaram, na cidade do Rio de Janeiro, da III edição dos Jogos Parapan-americanos.
O objetivo desta competição é mostrar o grau de superação, o preparo, a técnica e as conquistas dos atletas. No caso do Parapan, esta conquista não é somente estar no lugar mais alto do pódio. Aos atletas portadores de necessidades especiais, o mais importante é a inserção social, o respeito e a igualdade.
Os competidores brasileiros mostraram ser uma potência esportiva no continente. O Brasil ficou em 1º lugar no quadro geral de medalhas , totalizando 228. Foi uma excelente exibição, melhor até que os Jogos Pan-americanos, onde o país terminou em 3º lugar.
Um fator indispensável para o sucesso desta competição, foi o carinho e apoio da torcida, que encheram as arquibancadas. Porém, apesar da divulgação intensa da mídia, os atletas temem o esquecimento do público.
O país necessita de mais incentivo financeiro para o esporte, principalmente aos atletas portadores de necessidades especiais. Milhares de esportistas gostariam de ter sua renda gerada somente de suas modalidades , como: atletismo, basquetebol em cadeiras de rodas, futebol de sete e de cinco, halterofislimo, judô, natação, tênis em cadeira de rodas, tênis de mesa, vôlei sentado, enfim, viver do esporte. É preciso mudar esta história, reverter este quadro. O Brasil não pode continuar sendo somente o país do carnaval e do futebol. Estes rótulos já não servem mais para os 180 milhões de brasileiros.
Lição de vida
Joana Pereira tem 25 anos. Roberto Sousa apenas 17. Maria de Lima tem 38. José Fernandes tem 29. Todos eles são moradores da cidade de Foz do Iguaçu e seguem suas vidas normalmente Mas, o que eles tem em comum?
Eles são portadores de necessidades especiais e praticam esportes. Está é a forma que eles encontraram de obterem respeito da sociedade.
Joana há cinco anos perdeu a visão do olho direito. Ela trabalha todos os dias e depois da jornada, caminha com uma amiga. Chega a percorrer 10km diariamente. “Não faço isso somente porque gosto. É para eu não esquecer que a cada dia que passa eu consigo superar os meus limites”, diz. Para ela, os Jogos Parapan e Para-olímpicos é uma vitória. “Eu sempre me inspiro nos atletas. Este ano os nossos brasileiros deram um show”, completa.
Roberto, apesar do tamanho (1.78m) é grande nas quadras. Tem um futuro promissor. Inspira-se nos atletas Para-olímpicos. “Eu adoro ver eles jogarem. Eu também assisto aos jogos da NBA. Mas eu prefiro o basquete em cadeiras de rodas, porque é fantástico. Eu pretendo ser armador quem sabe não estarei lá um dia, representando o Brasil”, destaca.
Maria tem dois filhos e ficou paraplégica, após um acidente de carro, há 10 anos. Ela diz não sentir falta da vida que tinha antes do acidente. No começo foi difícil, mas depois ela foi se habituando a nova fase. Hoje, considera-se uma pessoa melhor, por causa das dificuldades. “Graças a minha deficiência, conheci pessoas maravilhosas, aprendi muito com a vida. Atualmente eu jogo tênis de mesa. Não é profissional, é na minha casa mesmo. Fazemos torneio entre eu e os amigos. O esporte é tudo para mim”, enfatiza.
José já nasceu com deficiência auditiva. Sempre se sentiu excluído da sociedade. Porém, há dois anos esta realidade mudou. Ele pratica natação em uma escola da cidade. É muito esforçado, um dos melhores alunos, segundo a sua mãe, Laura Fernandes. “O José aprendeu várias lições depois que descobriu o esporte”, conta ela emocionada.
São quatro histórias diferentes, porém com desfechos iguais. Os mesmos pensamentos: o amor ao esporte e a diferença que ele consegue fazer na vida destas pessoas. O esporte é muito mais que saúde. É a esperança de um futuro melhor, é a aprendizagem de respeito, igualdade, solidariedade. Através dele, as pessoas aprendem lições para toda vida.
Como tudo começou
Os Jogos Parapan-americanos estrearam em 1967, em Winnipeg (Canadá). Naquela época, somente seis países participaram da competição. As provas eram disputadas com esportes em cadeiras de rodas. Eram os Jogos Pan-americanos para Paraplégicos. Foram realizadas outras nove edições até o ano de 1995. (Winnipeg, Canadá – 1967, Buenos Aires, Argentina – 1969, Kingston, Jamaica – 1971, Lima, Peru – 1973, Cidade do México, México – 1975, Rio de Janeiro, Brasil – 1978, Halifax, Canadá – 1982, Aguadillas, Porto Rico – 1986, Caracas, Venezuela – 1990, Buenos Aires, Argentina – 1995* - O evento estava marcado originalmente para 1994, na Colômbia, mas foi adiado e transferido para a Argentina).
Em 1999, a Cidade do México foi sede da primeira edição sob a chancela do Comitê Paraolímpico Internacional, ganhando o nome de I Jogos Parapan-americanos. Na competição, aproximadamente mil atletas participaram. Nos Jogos seguintes, em 2003, na cidade Argentina de Mar del Plata, participaram 1.300 atletas.
Os III Jogos Parapan-americanos Rio 2007 serviram como alavanca para o desenvolvimento do desporto paraolímpico no Brasil e nas Américas. É a primeira vez na história que há uma edição conjunta do Pan-americano com os Parapan-americanos.
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